Os Alcorrazes
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Conversas - Prólogo e Capítulo 1

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Mensagem  Nuno Ferreira Sex Jan 18, 2008 1:14 am

Prólogo

Faz parte da minha maneira de ser um contacto directo com as pessoas. Gosto de falar olhos nos olhos, compreender o tom de voz, a postura, a expressão, os olhos (a minha perdição são sempre os olhos, é verdade...), enfim, embora um sujeito novo, tenho hábitos de velho no que toca algumas questões. E, se há ponto onde sou "velha escola", este é um deles - não me apraz particularmente entabular conversas através do ciberespaço, principalmente quando conheço e me dou regularmente com os intervenientes eventuais destinatários.
Contudo, alertado para o facto de, tendo sido um dos impulsionadores (e porque não, afastemos as modéstias, o criador) do fórum dos Alcorrazes, contraditoriamente, seja dos menos activos participantes (excepção feita ao Zé, que ainda não alinhou bem os seus ponteiros com a virtualidade), resolvi talvez encontrar uma forma de me exprimir na qual me sinta mais confortável, e essa será, sem dúvida a "crónica".
Não se elevem contudo os patamares. Não são reflexões elaboradissimas nem analiticamente filosóficas acerca do profundo paradoxo da vida.
São conversas. Só isso. Sem exigir respostas.

Capítulo 1
Como é que aqui vim parar?

Muitas vezes dou por mim espantado com Os Alcorrazes. Aliás, não só mas também, porque aqui incluo para além do grupo, da sua curta mas profícua existência, incluo, dizia, aquilo a que, de mim para mim, costumo chamar de "o fenómeno Alcorrazes".
Sim, é um facto que o meu discurso habitual é "somos muita bons", mas neste particular não se trata de puxar galões em termos jocosos, nem pouco mais ou menos optar pela via da masturbação musico-intelectual.
Quando me refiro ao dito "fenómeno Alcorrazes" falo de toda uma sensação de surpresa ainda difícil de assimilar que me trespassou, e ouso alargar este sentimento ao grupo, ao ver a receptividade das pessoas ao nosso trabalho.
Sejamos sinceros: em cerca de meio ano de existência, atingimos patamares que nunca pensei atingirmos. Tocámos relativamente poucas vezes, mas sempre, sempre com uma resposta fantástica da parte do público; temos um cd gravado em condições mais que precárias e com um resultado final, tendo em conta as condicionantes, maravilhoso; fomos às duas rádios mais representativas da região; as nossas músicas tocam com frequência nessas rádios, e, repare-se, não por cunhas ou pressões, mas porque na verdade se lhes reconheceu mérito e qualidade para tal; as pessoas pedem essas músicas; já pisámos o solo sagrado do relvado do Bonfim duas vezes, e em ambas - ó sonho! - frente ao Benfica; e, acima de tudo, as pessoas sabem quem nós somos.
Ora, digam lá, é ou não é de ficar de boca aberta?
Como raio conseguimos nós isto em tão pouco tempo?
A meu ver, acho que Setúbal andava com uma fome danada destas músicas.
Resgatámos o reportório dos Galés, ao som do qual muito menino que hoje é homem feito cresceu, e que já não ouvia desde que a agulha do gira-discos se partiu ou desde que o referido aparelho ficou esquecido em detrimento do cd; trabalhámos esse reportório com vista à qualidade (mais musical que estrutural, na medida em que melhorar estruturalmente Mário Regalado é, convenhamos, algo bastante complicado), adicionando instrumentos, e aqui o acordeão foi essencial para o propósito, ou primando por um outro tipo de rigor não evidenciado pelos Galés; fizemos originais (e quantos!...) com qualidade, recusando ao facilitismo, mas sem entrar na pseudo-erudição, isto é, sem sair da linha tradicional e popular que nos define; sendo amadores, sempre tivemos uma postura mais virada para o profissionalismo, no sentido de um trabalho final com qualidade que não nos desonre a nós, músicos, à cidade e região, que cantamos, nem aos nossos ouvintes, objecto e razão de ser última de toda a música. E mais coisas existirão que não conseguirei ou não me lembrarei de referir, mas o ponto é este: porra, em 7 meses andámos para cacete! - e a pergunta mantém-se, mesmo com toda a retrospectiva: como é que isto foi possível?
Vou dar um cheirinho da estória dos Alcorrazes através dos seus elementos, coisa breve mas sumarenta.
Somos actualmente seis. Eu (Nuno), o Rui, o Zé, o Eduardo, o Ricardo e o Miguel. Já fomos mais (passou por cá o Miguel Reizinho no reco, o Papa-Chocos na bilha - a famosa bilha do Chocos!-, o Octaviano e o Guilherme, baixistas intermitentes mas que fazem parte do historial com o seu contributo).
Eu e o Rui conhecêmo-nos do tempo da Universidade, em Évora, onde fizémos ambos parte da TAUE - Tuna Académica da Universidade de Évora; o Ricardo é batido da música - teve uma série de grupos, tocou pela noite liboeta e setubalense em idos de 80's, fundou duas escolas de samba... enfim, sabe bem o que faz musicalmente, não lhe é estranha esta andança; o "mê" Zé foi baterista de um conjunto de bailes famoso na região por idos de 70/80 (desculpa ó Zé, não me alembra o nome do conjunto pá!); o Eduardo (Sacanita como o pai e o avô) tem estória curiosa: filho de gente ferreamente sadina, cresceu a ouvir fados mas a vergonha consumia-o por dentro. Não sabia pevas de música antes de começar nos Alcorrazes, e hoje vai a todas!; o Miguel idem, com a diferença de que não cresceu a ouvir fados, mas no mar e com as músicas e modas da cidade a correrem-lhe nas veias.
A pergunta mantém-se: como é que aqui viemos parar?
"Andam para aí a dizer" que o cd é para gravar como as tropas portuguesas para o Ultramar: em força e já!
Eu, aqui há um mês, era o primeiro a pôr os pés no chão e dizer "malta, vamos lá a ter calminha", mas... releiam com atenção o até agora escrito... talvez que daqui a uns meses esteja ainda mais espantado!

17Jan08
Nuno Ferreira
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Mensagem  Paulo Oliveira Sáb Jan 19, 2008 2:47 am

Boas

Não sei ao certo se me é permitido um comentário à crónica do Nuno, mas vai no sentido de fazer uma pequena rectificação à forma como surgiu o grupo musical os ALCORRAZES

" O Ricardo Mira, tem a musica popular no sangue e qualquer oportunidade que surgisse no sentido da formação de um grupo musical, ele aproveitá-la-ia e bem lógicamente, digo eu.
Assim sendo na sequência das nossa reuniões da Tertulia VITORIANA na pizzaria do LITO, e com aquele grupo de Ferreos VITORIANOS depois de uma jantarada bem regada, o nosso amigo RICARDO acabava por dar um "cheirinho" da musica alcorrazes, e numa dessas ocasiões o TOJO, gravou a musica e pendurou-a no "YOU TO BIO Twisted Evil " , posteriormente o MIGUEL REIZINHO, deu a ideia de " e que tal fazermos um conjunto tipico para esta ocasiões, mas somente para aquelas ocasiões, nestas coisas quando as pessoas fazem por gosto e sabedoria o sucesso vem por arrastamento.

Bem o resto já sabem está posteado neste mesmo espaço na secção HISTORIAL

Não esquecer nunca a palavra TERTULIA no nascimento dos ENORMES ALCORRAZES.

Cumprimentos

o Vosso Admirador
Paulo Oliveira

O Polémico pós amigos Twisted Evil

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Mensagem  Mingas Sáb Fev 02, 2008 6:59 pm

Nuno Ferreira escreveu:Prólogo

Faz parte da minha maneira de ser um contacto directo com as pessoas. Gosto de falar olhos nos olhos, compreender o tom de voz, a postura, a expressão, os olhos (a minha perdição são sempre os olhos, é verdade...), enfim, embora um sujeito novo, tenho hábitos de velho no que toca algumas questões. E, se há ponto onde sou "velha escola", este é um deles - não me apraz particularmente entabular conversas através do ciberespaço, principalmente quando conheço e me dou regularmente com os intervenientes eventuais destinatários.
Contudo, alertado para o facto de, tendo sido um dos impulsionadores (e porque não, afastemos as modéstias, o criador) do fórum dos Alcorrazes, contraditoriamente, seja dos menos activos participantes (excepção feita ao Zé, que ainda não alinhou bem os seus ponteiros com a virtualidade), resolvi talvez encontrar uma forma de me exprimir na qual me sinta mais confortável, e essa será, sem dúvida a "crónica".
Não se elevem contudo os patamares. Não são reflexões elaboradissimas nem analiticamente filosóficas acerca do profundo paradoxo da vida.
São conversas. Só isso. Sem exigir respostas.

Capítulo 1
Como é que aqui vim parar?

Muitas vezes dou por mim espantado com Os Alcorrazes. Aliás, não só mas também, porque aqui incluo para além do grupo, da sua curta mas profícua existência, incluo, dizia, aquilo a que, de mim para mim, costumo chamar de "o fenómeno Alcorrazes".
Sim, é um facto que o meu discurso habitual é "somos muita bons", mas neste particular não se trata de puxar galões em termos jocosos, nem pouco mais ou menos optar pela via da masturbação musico-intelectual.
Quando me refiro ao dito "fenómeno Alcorrazes" falo de toda uma sensação de surpresa ainda difícil de assimilar que me trespassou, e ouso alargar este sentimento ao grupo, ao ver a receptividade das pessoas ao nosso trabalho.
Sejamos sinceros: em cerca de meio ano de existência, atingimos patamares que nunca pensei atingirmos. Tocámos relativamente poucas vezes, mas sempre, sempre com uma resposta fantástica da parte do público; temos um cd gravado em condições mais que precárias e com um resultado final, tendo em conta as condicionantes, maravilhoso; fomos às duas rádios mais representativas da região; as nossas músicas tocam com frequência nessas rádios, e, repare-se, não por cunhas ou pressões, mas porque na verdade se lhes reconheceu mérito e qualidade para tal; as pessoas pedem essas músicas; já pisámos o solo sagrado do relvado do Bonfim duas vezes, e em ambas - ó sonho! - frente ao Benfica; e, acima de tudo, as pessoas sabem quem nós somos.
Ora, digam lá, é ou não é de ficar de boca aberta?
Como raio conseguimos nós isto em tão pouco tempo?
A meu ver, acho que Setúbal andava com uma fome danada destas músicas.
Resgatámos o reportório dos Galés, ao som do qual muito menino que hoje é homem feito cresceu, e que já não ouvia desde que a agulha do gira-discos se partiu ou desde que o referido aparelho ficou esquecido em detrimento do cd; trabalhámos esse reportório com vista à qualidade (mais musical que estrutural, na medida em que melhorar estruturalmente Mário Regalado é, convenhamos, algo bastante complicado), adicionando instrumentos, e aqui o acordeão foi essencial para o propósito, ou primando por um outro tipo de rigor não evidenciado pelos Galés; fizemos originais (e quantos!...) com qualidade, recusando ao facilitismo, mas sem entrar na pseudo-erudição, isto é, sem sair da linha tradicional e popular que nos define; sendo amadores, sempre tivemos uma postura mais virada para o profissionalismo, no sentido de um trabalho final com qualidade que não nos desonre a nós, músicos, à cidade e região, que cantamos, nem aos nossos ouvintes, objecto e razão de ser última de toda a música. E mais coisas existirão que não conseguirei ou não me lembrarei de referir, mas o ponto é este: porra, em 7 meses andámos para cacete! - e a pergunta mantém-se, mesmo com toda a retrospectiva: como é que isto foi possível?
Vou dar um cheirinho da estória dos Alcorrazes através dos seus elementos, coisa breve mas sumarenta.
Somos actualmente seis. Eu (Nuno), o Rui, o Zé, o Eduardo, o Ricardo e o Miguel. Já fomos mais (passou por cá o Miguel Reizinho no reco, o Papa-Chocos na bilha - a famosa bilha do Chocos!-, o Octaviano e o Guilherme, baixistas intermitentes mas que fazem parte do historial com o seu contributo).
Eu e o Rui conhecêmo-nos do tempo da Universidade, em Évora, onde fizémos ambos parte da TAUE - Tuna Académica da Universidade de Évora; o Ricardo é batido da música - teve uma série de grupos, tocou pela noite liboeta e setubalense em idos de 80's, fundou duas escolas de samba... enfim, sabe bem o que faz musicalmente, não lhe é estranha esta andança; o "mê" Zé foi baterista de um conjunto de bailes famoso na região por idos de 70/80 (desculpa ó Zé, não me alembra o nome do conjunto pá!); o Eduardo (Sacanita como o pai e o avô) tem estória curiosa: filho de gente ferreamente sadina, cresceu a ouvir fados mas a vergonha consumia-o por dentro. Não sabia pevas de música antes de começar nos Alcorrazes, e hoje vai a todas!; o Miguel idem, com a diferença de que não cresceu a ouvir fados, mas no mar e com as músicas e modas da cidade a correrem-lhe nas veias.
A pergunta mantém-se: como é que aqui viemos parar?
"Andam para aí a dizer" que o cd é para gravar como as tropas portuguesas para o Ultramar: em força e já!
Eu, aqui há um mês, era o primeiro a pôr os pés no chão e dizer "malta, vamos lá a ter calminha", mas... releiam com atenção o até agora escrito... talvez que daqui a uns meses esteja ainda mais espantado!

17Jan08
Nuno Ferreira

Quem ler estas palavras e conhecer bem o Nuno, parece mesmo que está a ouvi-lo ao vivo!!! Seja em Setúbal, numa noite de copos, seja em Évora na Residência António Gedeão (esse hotel de virtudes), no BarUÉ ou no Harmonia...

O Nuno é assim e não esconde nada de ninguém! A sinceridade e a abertura com as pessoas não engana ninguém. Desde o primeiro dia que o conheci, no ido ano de mil nove e noventa e oito, quando ele parecia o Axl Rose, com aquele cabelo... Sempre que se empenha numa coisa, consegue transmitir entusiasmo a todos os que rodeiam e não é daqueles de se deixar abater com as adversidades.

É com convicção e certeza que digo que "Os Alcorrazes" com as suas canções, com as letras tão belas, são já uma das bandeiras e embaixadores da nossa terra. Não só pelas letras, mas também pelo profissionalismo e qualidade dos seus músicos, que transmitem um entusiasmo único.

Setúbal pode não ter o fandango como o Ribatejo, o Vira como o Algarve, ou o Corridinho como a Madeira, mas tem "Os Alcorrazes" que cantam a nossa cidade como mais nenhuns outros, com o devido respeito por outros grupos. Numa época em que aquilo que é característico de Setúbal e próprio das nossas gentes, é cada vez mais esquecido e atropelado e em que o ânimo das gentes de Setúbal está muito em baixo, é importante ter quem nos cante e nos dê orgulho e um motivo para dizer "Setúbal não é Lisboa e também tem coisas que a distinguem do resto do país".

Outro aspecto importante é terem elementos ainda relativamente jovens, como o Rui e o Nuno, ainda abaixo dos 30 anos, o que dá garantias de o espiríto manter-se vivo durante muito tempo.

Portanto, é com grande expectativa que agurado pela sáida do disco. Eu e muita gente, porque quem ouve não tem dúvidas que estamos perante um fenómeno que vai ter enorme sucesso. Não é preciso ter receios. A semente já foi lançada à terra. Agora é só deixá-la crescer!!!

Abraço a todos. Ricardo Silva (Mingas).
Mingas
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